“A Metamorfose” de Franz Kafka foi publicada pela primeira vez em 1915 e tornou-se a sua obra mais estudada e discutida. Esta pequena grande obra, com apenas cento e quinze páginas, leva- -nos a refletir sobre a condição humana e a forma como nos inserimos e nos vamos adaptando à sociedade em que vivemos. Retrata ainda as dificuldades que encontramos, em nós próprios, no que diz respeito à aceitação das contradições dos relacionamentos e sentimentos, principalmente quando se ultrapassam os limites da normalidade ou quando os acontecimentos da vida nos ultrapassam de forma irremediável.
Leitura fluida e envolvente que nos leva à história de um jovem exemplar que trabalha para sustentar toda a família até ao dia em que acorda de mais uma noite intranquila, metamorfoseado num inseto monstruoso, raciocinando, todavia, como humano. Esta sua alteração origina, também, uma metamorfose no seio familiar, levando à valorização do trabalho até então realizado pelo jovem Gregor.
Encontramos muitas lições que nos levam a pensar acerca do quão volátil é a vida. Falamos então de uma leitura intemporal, sendo que o próprio autor, Kafka, nos parece mostrar a sua vida, com o pai, na personagem de Gregor. Leia-se ainda “A carta ao Pai”… Outro que não se esquece.
FERNÃO CAPELO GAIVOTA, Richard Bach
Ver o filme ou ler o livro é um embalo ao quotidiano. A luta pela subsistência, em todas as suas vertentes, leva-nos, por vezes, a não sair do nosso próprio espaço e a contentarmo-nos com a rotina. Fernão leva-nos à concretização da vontade, à luta pela autovalorização, à possibilidade de se ser mais perfeito naquilo que mais se gosta, à liberdade, à negação das amarras que nos prendem às tradições.
A vitória sobre a ignorância é a única razão de existir de Fernão. Querer aprender a voar, cada vez mais alto, cada vez mais rápido, cada vez mais além, sobrepõe-se, até, à própria necessidade de alimentação. O seu desejo de saber mais para poder ajudar aqueles que o rodeiam levou-o a abandonar tudo e a partir em direção a uma vida muito mais difícil e desconhecida. Mas com ele ia a ânsia de aprender a de não dar tréguas à luta. Foi banido e escorraçado do seu bando e o mais difícil foi suportar a tristeza da incompreensão. Todavia, não podia desistir do seu sonho, na certeza de que era capaz de o concretizar. E, à medida que mais alto e melhor voava, mais aumentava a sua ilimitada vontade de saber. Quem porfia sempre alcança! E foi na expectativa de alcançar os limites do seu sonho, acreditando nele próprio, que logrou atingir os seus objetivos, deixando testemunho de que mereceu a pena o esforço. Um bom livro para ler na praia.