Entre vales e colinas verdejantes, saindo da cidade de Rio Maior, passamos pelas Salinas de Sal-gema - Aldeia de Marinhas do Sal – e, atravessando diversos lugarejos, subimos à aldeia da Chãos, uma pequena povoação inserida no maciço calcário da Serra de Aire e Candeeiros, pertencente à freguesia de Alcobertas. Subimos diretamente à aldeia, para um encontro com algum do património rural recuperado, no qual se inclui o Centro de Artes e Ofícios da Cooperativa “Terra Chã”, esta fundada em 2001, com o pressuposto de valorizar o património local, no respeito pela natureza e pela cultura. No Centro, poderemos experimentar as artes ou ofícios, tais como a tecelagem ou melaria e, com sorte, poderemos até assistir a um ou outro workshop.
No entanto, se o nosso prazer for mesmo a natureza, sempre poderemos, com o apoio da “Terra Chã”, integrar uma atividade de Desporto de Natureza, seja o ciclismo TT, a escalada, o rapel, a espeleologia ou, mesmo, uma incursão pela serra, na busca da fauna e da flora.
Se a fome apertar entretanto, no complexo da Cooperativa encontramos o Terra Chã “Paisagem e Sabores”, um restaurante que docemente se debruça sobre o vale, numa “vista “que se perde no horizonte. Na cozinha, em cada receita, conjugam-se os sabores e aromas da Serra dos Candeeiros, obtidos na recolha das tradições mais antigas e no uso das plantas aromáticas que a mesma serra produz. Um restaurante que prima pela simplicidade, a qual se alia à simpatia de quem nos acolhe e à beleza da paisagem que acaba por ser a melhor das decorações.
Em cada prato, acompanhado por um bom vinho da região (recomendamos o Ninfa), conseguimos ir ao encontro dos sabores de outros tempos pelo uso dos temperos e das técnicas que já foram das nossas avós, nomeadamente os associados ao alecrim e ao tomilho.
Quanto a pratos de eleição, não elegemos apenas um. Aconselhamos o cabrito no forno, a chiba à “Terra Chã”, o bacalhau assado com migas, o galo com nozes, o bacalhau à “ti’ Margarida” e, também, a “chícharada serrana”. Este último prato é elaborado graças à feliz recuperação de uma leguminosa - o “chícharo”- cujo cultivo se tinha perdido no tempo e que antes integrava a alimentação dos habitantes da Serra. Como sobremesa, aconselhamos os pastéis de chícharo e a tarte de chícharo.
No fim desta aventura serrana, surge o regresso a casa, com muito cansaço e alguma saudade. Sentimentos que podem ser colmatados levando connosco alguns produtos regionais, tais como o mel, o queijo, chícharos, uma peça de tecelagem ou um sal relaxante. Partiremos então sempre com vontade de regressar.